sábado, 13 de abril de 2013

Nem Freud explica!


PoW, Pow, Bum, Bum, os chutes e murros era  o que se ouvia na madrugada fria da Floresta dos Troncos Ocos. As cacatuas que haviam migrado para o conjugado de um João de Barro resolveram bater asas e voltar para o complexo dos coreanos, pois a barulheira lá apesar de tudo era bem menor.

A casa da árvore moradia das fuinhas sacudia tanto mais tanto que parecia estar sendo atingida por um terremoto.

Pelligonha escondeu-se dentro do lustre e lá ficou, pois Fuly e Harley estavam furiosas com Marin que havia se trancado dentro do closet.

- Não adianta daqui não saio daqui só papai me tira. - exclamou Marin com a voz abafada dentro do closet
- Você não é Ave Maria para ficar cheia de graça sua filha de chocadeira. Abra essa porta antes que eu mesma arrebente - retrucou Fuly chutando a porta
- Não! Não! Preciso de um pai conhecido.
- Pai conhecido? - replicou Harley
- Acho melhor começar o pai nosso porque quando eu abrir essa porta nem Salve Rainha poderá lhe ajudar. - disse Fuly tentando abrir a porta com um maçarico
- Que pai é esse Marin?
- É o pai da Psica Nálise.

Pelligonha não aguentou, riu tanto que caiu do lustre.
- kkkkkkkkk....vai ver ela é írmã da Psic Ose e do Psico Pata..... – respondeu Fuly não se aguentando de tanto ri

Harley não sabia se entrava na turma da risada ou se chorava. Ver um ser como Marin tão fora de si, de mim, de nós e de todo mundo era algo preocupante. Resolveu junto com Fuly que fariam o papel de Freud e da “filha” Psica Nálise. Foram até o armário e saíram de lá fantasiadas.

Fuly espirrava sem parar devido a catinga de naftalina que estava nas roupas que não usavam desde que Eva mordeu a maça e descobrira que tomate era bem melhor.

Harley encarnou tão perfeitamente Sigmund Freud que Fuly ao vê-la não aguentou e disse:
- Não é a mamãe.

Pelligonha como sempre assistia a tudo literalmente de camarote. Para não correr riscos do que poderia acontecer, voltou para o lustre e pegou uma daqueles binóculos que é usado em óperas.

A dupla devidamente “analisada” seguiu para frente do closet. Harley bateu na porta três vezes.
- Quem é? – respondeu a vozinha amuadinha de Marin lá no fundo do closet
- Sigmund Freud! – respondeu Harley com um vozerão de fazer medo
- Sua estúpida analisada, ela não conhece o cara. – cochichou Fuly no ouvido de Harley
- Sou o pai da Psica Nálise!
- A Psica Nálise veio também? – respondeu Marin
-  “Estoy aqui, querendo te” mat...- retrucou Fuly num estilo Shakira
- Posso ser sua írmã?
- Não sei se meu pai vai querer uma filha que não sai do armário – replicou Fuly
- Marin querida, você faz parte do meu livro Divagações de um abajour que achava ser criado-mudo. “Você é minha luz, estrada, meu caminho, sem você fico doido sozinho”
- Quer estragar o teatro? – cochichou Fuly novamente
- Só porque cantei?
- Claro sua mané. Desde quando Freud cantava Zezé di Camargo e Luciano
- Alô tem alguém ai? – perguntou Marin
- Sim estamos aqui! – retrucou Fuly
- É que meu sonho é ser filha do senhor e irmã da Psica.
- Nossa quanta emoção para um pai, e eu que achava que só teria uma Psica, agora terei duas, Psica Nálise e Psi Cada.
Fuly engolia o riso, seus olhos lacrimejavam de tanta vontade de gargalhar.
- Então o senhor me adota?
- Sim não haveria porque não comungar desse ato tão “paitrimonial”.

Harley acendeu o cachimbo, baforando a fumaceira enquanto andava de um lado para outro continuou.
- Me diga uma coisa minha cara, porque trancou-se aí?
- Bem...tipo assim...não sei como falar...mas falarei expressando as palavras que precisam ser ditas...”Veja” estamos numa “Época” que se tornou “Fantástico” sair do armário e por isso eu queria um motivo para sair do meu


Notas: Daniela Merucry foi capa das revistas Veja e Época por ter saído do amarmário e também deu uma entrevista ao Fantástico.