As Fuinhas no país das Maravilhas

O amanhecer surgiu como um de contos de fadas. Passarinhos cantando e voando por sobre a campina verde. Borboletas e joaninhas brincando sobre os polens dos lírios-verdes e a família de esquilos descascando avelãs frescas que haviam importado da Áustria.

Estava quase tudo lindamente perfeito e harmônico, se não fosse por um pequeno detalhe, marIN havia passado a madrugada com um grupo de tatus, cavucando um buraco perto do ninho da Jibóia sem olho. A cratera chamou atenção de todos os habitantes da Floresta dos Troncos Ocos. Corria o boato de que um disco-voador havia pousado ali, mas depois que Fuly e Harley viram marIN fantasiada de pedreira seguindo pela floresta a dentro, foram atrás e descobriram o que ela estava fazendo. Uma fuinha mequetrefe metida a engenheira de buracos sem fim. Pelo “tamãzinho” do buraco daria tranquilamente para chegar a Bagdá.

- Por uma acaso esta projetando um piscinão? – perguntou Fuly tirando caca do nariz
- Acho que tá mais para campo de golfe! – retrucou Harley andando pelo buraco
- Paraaaaaaa Fuly! Você esta sujando meu buraco. – respondeu marIN segurando uma pá
- Sujando? E você acha que essa terra tá limpa, heim sua avestruz atrevida? Para seu governo já tá cheio de “tatu” aqui. – disse Fuly enfiando quase que a mão inteira dentro do nariz

Os tatus ficaram tão admirados que pararam de cavar e olharam a chuva de meteoro oriunda do nariz de Fuly.

- Eu disse para você pararrrrrrr! – informou marIN metendo a pá na cabeça de Fuly
- Será que ela morreu? – retrucou Harley colocando o ouvido no coração de Fuly

Os tatus não entendendo muito bem o que estava acontecendo deram no pé, deixando marIN sozinha.

- Fuly você esta me ouvindo? – perguntou Harley batendo na cara da amiga
- Claro que estou sua estúpida! – respondeu Fuly levantando do chão indo em direção a mariN que agora furava o buraco com uma furadeira

Harley vendo o que ia acontecer puxou um banco e assentou para assistir a luta livre. Pena não estar chovendo porque ai seria uma verdadeira luta na lama.
- Eu vou fazer você engolir essa pá, sua topeira metida a tatu.


marIN estava tão focada no que fazia, quem nem deu atenção. Fuly com um galo na testa chegou perto, levantou as duas mãos para cima, colocou os dentes superiores para fora, mordendo o lábio inferior, franziu a testa e mirando a cabeça de sua agressora mandou a pá com todo ódio que corria em suas veias em cima da cabeça dela. Por sorte e sem ver o que estava lhe esperando marIN mudou de posição e pá atingiu em cheio o meio do buraco.

A Floresta dos Troncos Ocos foi atingida por um tremor tão forte que os esquilos nem precisavam fazer força para morder a avelã.

- O o o o o que que que que queeeeeee taaaaaaaaaaaaa taaaaaaa taaaaa acontecendoooooooo? – perguntou Harley encolhida debaixo do banco

- Éeeeeeeee ooooooo fimmmmmm do do do do muuunnnnnndooooooo! Haaahaaahaaahaaa – respondeu Fuly tentando rir como um ser normal

- Ai ai ai meuuuuu saaaantoooooooo buuuuurraaaaacoooooo seeem fiimmmm – retrucou marIN tentando olhar dentro do buraco

O tremor ainda agitava as grandes sequóias, que balançavam somente de um lado. As cotovias cantavam de um modo estranho e tão engraçado que os orangotangos gargalhavam com as mãos nas axilas.

De repente, mas muito de repente mesmo, um vão se abriu no grande buraco e as fuinhas escorregavam por um túnel, ziguezagueando numa velocidade quase da luz, quando finalmente chegaram rolando num imenso e magnífico jardim.

- Se isso é o paraíso, não é possível que nós trÊs morremos ao mesmo tempo, é muito azar! – xingou Fuly tentando reconhecer o lugar
- Acho que vi um gatinho! – sussurou marIN atrás de uma frondosa moita de não sei o quê
- Para de ficar imitando aquele pinto estúpido!
- Esperem! Acho que vi um coelho usando relógio! – exclamou Harly tirando a terra dos olhos
- Vixe! Então morremos mesmo! – retrucou Fuly olhando para os lados
- Eu também vi! Olha ele ali! – exclamou marIN

As trÊs olharam na direção de uma árvore que sorria para elas, e atrás dela, estava ele, o coelho.

- Um momento! Conheço esse coelho de algum lugar! – informou Harley indo na direção do bicho peludo
- Agora são exatamente 1h45min. Hora do lanche!- Exclamou o coelho
- Acho que conheço esse coelhinho! – retrucou marIN colocando os óculos de grau
Se olhar matasse mariN já estaria reencarnando, pois FUly a olhou com tanta fúria que o galo que tinha na cabeça virou omelete.
- Com licença, vocês viram um coelho passar por aqui? – perguntou uma menina de cabelos loiros e um vestidinho azul
- Fula que faliu! Essa aí também é da sociedade dos tomadores de cogumelo! – retrucou FUly
- Vimos sim ele foi por ali! – respondeu educadamente marIN
- Por um acaso ele carregava um relógio? – perguntou novamente a menina
- Carregava sim, um Cartier que ele herdou da sua mãe! – esbravejou Harley irritada
- Vocês são engraçadas, o que fazem aqui?
- Viemos assaltar o coelho! Que garota intrometida! – respondeu Fuly engatinhando a procura do buraco de onde vieram
- Meu nome é Alice o de vocês?
- AAAAAlllllliiiiiiicccccceeeeeee! Santo coelho do relógio britânico. Estamos no país das Maravilhas! – gritou marIN correndo pelo imenso jardim

Assobios foram ouvidos, quando o Chapeleiro Maluco apareceu.
- Querida Alice, vamos está na hora do lanche com a Rainha de Copas! – convidou galantemente o chapeleiro
- TRucooooooo! – xingou Fuly tirando o zap do bolso
- Espere um poco! Um poquito mais! – exclamou o chapeleiro

Sem saber o Chapeleiro Maluco acertou o ponto fraco das Fuinhas que era o charmoso cantor da menopausa. FUly e HArley arrumaram um vitrolinha portátil que carregavam, pegaram o CD do cara e começaram a cantar:



Enquanto rebolavam e imitavam o cara, a Rainha De Copas chegou com um exército de cartas de todos os naipes.

- Posso saber o que esta acontecendo aqui!

Alice e o Chapeleiro Maluco não falaram nada com receio do que a rainha poderia fazer.
- Ei vocês aí, parem com essa cantoria brega agora o vou ser obrigada a mostrar minhas cartas.
- hahahahahah, pode mostrar coroa, nós temos dois coringas na manga. Sua velha estúpida. - respondeu FUly caindo na risada